quinta-feira, 30 de junho de 2011

A História - Por Mercedes Monteiro

Em 1991 cheguei a Pirenópolis a fim de ampliar meus conhecimentos e meu trabalho na tecelagem artesanal.

Já haviam me informado que acontecia nessa região uma tradição remanescente desse fazer e isso me interessava.















A tecelagem veio para Goiás trazida pelas famílias mineiras que migravam para cá, no século 18. Em 1800, contavam-se 2000 teares no estado, e o algodão servia como moeda de troca.














Os panos tecidos tinham como finalidade o uso enxoval,
as calças resistentes para o trabalho no dia-a-dia,
os sacos para armazenar os grãos.




















Minha primeira iniciativa foi procurar conhecer o que ainda havia dessa história.
Quando montei meu tearzinho simples e comecei a fazer meu trabalho, vi que a tecelagem era um fazer com muita presença no cotidiano e na memória recente do povo daqui. E também vi a surpresa que causavam os meus panos, tão diferentes do conhecido.


















A questão dos fios e da matéria prima na
tecelagem, como em qualquer ofício, é relevante. Eu trazia fios de SP, e me interessei pelo que poderia encontrar aqui.
Descobri de imediato os algodões fiados à mão, ainda produzidos domesticamente, e que davam efeitos de textura interessantíssimos, quando misturados com os fios mais finos.










Mas o grande diferencial que aconteceu na identidade do trabalho, foi o desenvolvimento que fizemos a partir das sobras de confecções de Goiânia.
O aproveitamento de tecidos velhos, roupas usadas é ancestral. Quando começamos a receber esses restos de tecidos das confecções, o que me encantou foram as cores fortes e firmes, e também sua leveza, que continuou a manter essa característica do nosso trabalho.










E sobretudo a possibilidade de dar uma bela utilização a isso que é um problema sério da nossa sociedade – os resíduos. Eu sei que no Oriente isso já é equacionado – essas sociedades são tão antigas que já estão organizadas para aproveitar tudo o que sobra.
Não é nosso caso.









A Cultura do Desperdício, aqui, impera......
Passamos a usar esses materiais e com nosso talento e sensibilidade, as texturas e misturas de cores felizes foram criando uma identidade que se tornou um símbolo da cidade de Pirenópolis.
Hoje continuamos nossas pesquisas buscando sempre novos caminhos.

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